Conheça Lenne Evaristo, uma talentosa escritora e poeta cearense que está dando os primeiros passos em sua história de escritora brasileira. Nascida em Manaus, mas criada em Camocim, Lenne sempre teve uma paixão pela leitura e pela escrita. Com uma voz única e uma visão de mundo fascinante, ela está pronta para compartilhar sua história e sua arte conosco. Vamos conversar com Lenne Evaristo e descobrir mais sobre sua trajetória literária, sua inspiração e seus projetos futuros.”
Em nome da família Vozes Locais, Raízes Literárias, queremos agradecer por sua gentileza e oportunidade de apresentá-la ao nosso público, de mestres e entusiastas das letras. Obrigada.
Que prazer conhecer um pouco mais sobre você, Lenne Evaristo!
1. Qual foi o momento exato em que você descobriu sua paixão pela escrita e pela poesia?
Não me lembro ao certo do momento exato. Acho que desde que eu aprendi a ler, aos 5 anos de idade. A leitura sempre foi um refúgio para mim. Viajar para outros universos e sentir diferentes tipos de emoções. A escrita veio depois. Comecei escrevendo versos, textos soltos sobre qualquer assunto que surgia em minha mente. Uma coisa que eu nunca consegui foi ter um diário secreto. Eu até tentava, mas fazia sempre questão que alguém o lesse. No final das contas, acho que eu nunca escrevi apenas para mim mesma. Eu tinha que compartilhar com alguém. Mas eu tinha um grande defeito: nunca fui de guardar nada ou colecionar. Tudo o que eu escrevi deve estar por aí, em mãos de amigos e pessoas amadas a quem eu dedicava meus versos e letras de música. Às vezes eu fazia um livreto feito à mão, com título, capa e tudo. Alguém deve tê-lo por aí.
2. Como a sua infância em Camocim influenciou sua obra e sua visão de mundo?
Camocim foi onde passei o que chamam de melhores anos da vida de alguém. Então, as grandes emoções, as mais intensas e significativas, eu vivenciei em Camocim. As pessoas que eu conheci e as experiências vividas. Muitos de meus dramas, traumas e inclusive momentos de singela paz e tranquilidade ao som do mar e do vento do litoral. Minha infância subindo nos cajueiros, correndo descalça no quintal. Minha primeira paixão na adolescência e minhas primeiras experiências em sala de aula. Tudo isso, com certeza, forma um pouco da bagagem de vida e inspiração que influencia minha escrita. Porém, tenho uma recordação em que, em uma aula de Língua Portuguesa, nos foi apresentado um determinado poema que falava de beija-flores e flores. Enquanto a professora abordava o significado de cada analogia utilizada no poema, eu lembro de me sentir como quem descobrisse um mundo novo. De onde eu poderia dizer o que eu quisesse, como que se eu pudesse me expor ao mesmo tempo em que eu poderia me esconder por detrás das palavras bonitas de um poema. Eu achei aquilo tudo muito fascinante!
3. Você mencionou que só agora “acordou” para o que você realmente quer fazer na vida. O que mudou para você?
Meus objetivos. Agora eu sei que a escrita, o mundo das palavras, é onde quero habitar. Não ser mais um hobby. Algo que quero levar à sério pelo resto da vida.
4. Conta-nos mais sobre o seu primeiro livro, “Poesia Doce Poesia”. Qual foi a inspiração por trás dele?
Inicialmente, era apenas uma simples coletânea de poemas que eu escrevo no Facebook desde 2011, se eu não estiver enganada. Mas eu não queria apenas jogar os textos de qualquer maneira. Eu busquei incluir uma narrativa. Como se minhas poesias fossem meu lar doce lar, cujos leitores serão visitantes bem-vindos. Por isso o título Poesia, doce poesia. Eu o inscrevi em um concurso literário importante, promovido pelo SESC. Eu mesma revisei o manuscrito antes de enviá-lo.
5. Seu próximo projeto é um romance com um protagonista autista. Qual é a importância de representar a diversidade nas suas histórias?
Quero mostrar às pessoas que muitas vezes autistas diagnosticados tardiamente enfrentam tanto ou mais obstáculos que aqueles que são diagnosticados na infância e têm o suporte e assistência que precisam. Isa vai representar um pouco de cada tipo de autista. Inicialmente, ela será uma autista não verbal que vai recorrer à escrita como forma de se expressar. Mas a época em que ela vive, década de 80 e 90, e o fato de ela ser uma menina, vai dificultar muito o verdadeiro diagnóstico dela. Porém, durante a narrativa, vou mostrar o valor da amizade verdadeira e da verdadeira inclusão. E que nenhum autista, apesar de suas limitações, é incapaz de atingir seus objetivos e realizar seus sonhos.
6. Como você lida com a ansiedade de criar algo novo e desconhecido, como um romance?
Para mim, não tem sido fácil. Eu fui diagnosticada com autismo nível 2 de suporte. E uma das comorbidades é a Síndrome de Burnout. Que me faz cansar com muita facilidade. A ansiedade generalizada muitas vezes me faz perder o foco. Mas com o suporte de terapias, medicamentos e descanso, e o apoio de meus amigos (Ivan é um deles, na verdade um dos maiores incentivadores, é graças a ele que estou dando essa entrevista) Ah, e minha amiga Maze, que me ajudou a ir atrás de meu diagnóstico. E me apoia em tudo. Ao meu irmão Neo, com quem tenho muitas tempestades de ideias sobre meu livro. Enfim... Tudo isso tem me ajudado a não desistir dos meus projetos, a aprender cada vez mais. E manter o foco e a constância.
7. Qual é o conselho que você daria para alguém que está começando a escrever e busca se expressar de forma criativa?
Primeiro: Se divirta escrevendo. Ame a sua escrita. Ela é sua identidade. Um pedaço de você.
Segundo: Leia sempre. Escreva sempre. Sobre tudo.
Terceiro: E não deixe de ter por perto amigos escritores com quem compartilhar ideias e inspirações. Quarto: Estude, e nunca deixe de aprender coisas novas sobre escrita. E jamais desista!
Agradecemos a Lenne Evaristo por compartilhar conosco sua história, sua paixão pela escrita e sua visão sobre a importância de representar a diversidade nas histórias. Sua jornada é inspiradora e nos mostra que, com determinação e criatividade, é possível superar obstáculos e alcançar nossos objetivos. Esperamos que sua entrevista tenha sido tão inspiradora para você quanto foi para nós. Obrigado por ler!
E se você é um escritor em início de carreira, ou um autor renomado, quem sabe, um apaixonado por literatura, ou simplesmente alguém que busca inspiração para seguir seus sonhos, esta entrevista foi para você. O blog Vozes Locais tem a honra de conceder esse espaço para você expressar sua história, obras e arte, com outros, inspirando uma cultura literária que transpõe as fronteiras e eternize nossa paixão.
Siga a página no botão ao lado, deixe seu comentário e compartilhe com seu público. Até a próxima entrevista!
1 Comentários
Entrevista excelente! Foi de fato uma orquestra regida com requintes de sofisticação parabéns aos envolvidos
ResponderExcluirObrigado por comentar