google-site-verification=4pjh_0u9ZXfr16rcO_twV9F2luCyjmWda02-Q4YoL-0 01 02 Cordel, com Joab Nascimento

Cordel, com Joab Nascimento

 

Sertanejo

O sertanejo

I

Em sua sela a cavalgar

O sertanejo se equilibra

Preparado para a briga

E pela vida lutar

Na secura do nordeste

Da quentura do agreste

Tira o sustento de lá

II

Sob o sol de um vulcão

Nesse torrão ressecado

Ele tira seu bocado

É difícil a plantação

Busca água em estiagem

Com sua força e coragem

Pra cultivar todo o chão

II

Sem vontade de sorrir

Como é quente o vapor

Pede a Deus nosso senhor

Força para prosseguir

A dura luta enfrentar

Coragem para lutar E nunca mais desistir

IV

O perene em seu olhar

No rosto só esperança

Sonhando que nem criança

Um dia poder encontrar

Um pouco d’água e fartura

Para acabar a tortura

Que ronda o povo de lá

V

No seu rachado torrão

Cavalga hora por hora

Lembra do tempo de outrora

Cada palmo desse chão

Buscava em todo caminho

Já crescido, rapazinho

Procurando água e pão

VI

Sua casinha sem oitão

Que nem chegou acabar

Da sua mãe sempre a rezar

Rogando chuva no chão

Da luta forte e constante

Não abandona um instante

A fome de cada irmão.

VII Paz e resignação

No seu peito ele conduz

Na velocidade da luz

E muita obstinação

Ele lembra com saudade

Não ter oportunidade

D'uma boa educação

VIII

Está sempre a constatar

Através da informação

Do seu radinho de mão

Que possui pra escutar

Longe de todos de tudo

É feliz porém, contudo,

Não tem maldade no olhar

IX

No chão duro a cavalgar

Trafegando todo dia

No rosto sem alegria

Com vontade de voltar

O calor na testa ardendo

A fome sempre gemendo

Com força pra continuar

X

O sol quente escaldante

Faz escorrer o suor

Nosso Deus é o maior

Não se separa um instante

Chega logo ao seu roçado

Amarra o cavalo ao lado

Começa a luta constante XI

Na terra seca a abrasar

Com força e disposição

Aduba aquele torrão

Com vontade de plantar

Semeando aqueles grãos

Suor e calos nas mãos

Espera chuva chegar

XII

Sem ter nada a recear

Sem esperança e futuro

Batendo a cara no muro

Sem saber se vai vingar

Lá de riba Deus é nobre

Pra encorajar o pobre

Gota d’água faz brotar

XIII

Já é o suficiente

Pra sua vida melhorar

Uma gota faz vibrar

Deixa o coração contente

A fé jamais lhe abandona

Ao contrário é a sua dona

Sempre é luz em sua mente

XIV

Se cada segundo ao dia

Caísse uma gota ao chão

Dando vida ao seu torrão

Uma planta nasceria

Mas o sol volta a queimar

A terra tende a tostar

Tristeza não é alegria

XV

Sertanejo é muito forte Lutador e combatente

Um homem muito valente

Na fé traça sua sorte

A sua arma é a enxada

A roça é sua aliada

O trabalho é seu esporte

XVI

Já cansado dorme cedo

Para a luta enfrentar

De manhã ao levantar

Tão forte que nem rochedo

Está pronto para a luta

Enfrenta toda disputa

Nada ali lhe mete medo

XVII

Duro é ter que relembrar

A luta durante o tempo

Todo o seu pensamento

Só tristeza ao recordar

Os seus passados tristonhos

Tantos pesadelos, sonhos

Uma lágrima faz rolar.

XVIII

Na vida do sertanejo

Não existe um descanso

Nem folga e nem remanso

Nem fantasia nem almejo

É plantar para colher

Pra poder sobreviver

É o seu único desejo

XIX Falar do agricultor

Dói a dor do coração

É como se o nosso chão

Se abrisse ao nosso redor

Nós que muito esquecemos

A vida que um dia tivemos

Talvez tivesse pior

XX

Deus fez a humanidade

Fez natureza e o mar

Campo para alimentar

Saciar necessidade

O tal do capitalismo

Trouxe o mal e egoísmo

Chagas pra eternidade

XXI

Venho por obrigação

Com inspiração divina

Trago comigo a sina

Desejo e dedicação

Defender com veemência

Sem trégua e sem clemência

O sertanejo e o sertão

XXII

Nesse meu texto rimado

Do sertanejo aqui falo

De forma alguma me calo

O sertanejo é sagrado

Aquele lutador rural

Livre do bem e do mal

É um ser abençoado

XXIII Defendo homem roceiro

Com toda minha verdade

Com fé e serenidade

Serei sempre verdadeiro

Falo com sinceridade

Que a nossa humanidade

Seja dele o seu herdeiro

XXIV

Que essa sociedade

Tenha uma solução

Dar mais valorização

Dando oportunidade

No sertanejo a confiança

É provida de bonança

Detentor de habilidade

XXV

Um homem de coração

Que trabalha pro sustento

Desse povo tão sedento

Que roga alimentação

Se eu tivesse o poder

Acabaria o padecer

De quem ara e planta o chão.

 

Joab nascimento

Camocim-CE 06/09/10

D.A.R. Lei 9610/98


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