O sertanejo
I
Em sua sela a cavalgar
O sertanejo se equilibra
Preparado para a briga
E pela vida lutar
Na secura do nordeste
Da quentura do agreste
Tira o sustento de lá
II
Sob o sol de um vulcão
Nesse torrão ressecado
Ele tira seu bocado
É difícil a plantação
Busca água em estiagem
Com sua força e coragem
Pra cultivar todo o chão
II
Sem vontade de sorrir
Como é quente o vapor
Pede a Deus nosso senhor
Força para prosseguir
A dura luta enfrentar
Coragem para lutar E nunca mais desistir
IV
O perene em seu olhar
No rosto só esperança
Sonhando que nem criança
Um dia poder encontrar
Um pouco d’água e fartura
Para acabar a tortura
Que ronda o povo de lá
V
No seu rachado torrão
Cavalga hora por hora
Lembra do tempo de outrora
Cada palmo desse chão
Buscava em todo caminho
Já crescido, rapazinho
Procurando água e pão
VI
Sua casinha sem oitão
Que nem chegou acabar
Da sua mãe sempre a rezar
Rogando chuva no chão
Da luta forte e constante
Não abandona um instante
A fome de cada irmão.
VII Paz e resignação
No seu peito ele conduz
Na velocidade da luz
E muita obstinação
Ele lembra com saudade
Não ter oportunidade
D'uma boa educação
VIII
Está sempre a constatar
Através da informação
Do seu radinho de mão
Que possui pra escutar
Longe de todos de tudo
É feliz porém, contudo,
Não tem maldade no olhar
IX
No chão duro a cavalgar
Trafegando todo dia
No rosto sem alegria
Com vontade de voltar
O calor na testa ardendo
A fome sempre gemendo
Com força pra continuar
X
O sol quente escaldante
Faz escorrer o suor
Nosso Deus é o maior
Não se separa um instante
Chega logo ao seu roçado
Amarra o cavalo ao lado
Começa a luta constante XI
Na terra seca a abrasar
Com força e disposição
Aduba aquele torrão
Com vontade de plantar
Semeando aqueles grãos
Suor e calos nas mãos
Espera chuva chegar
XII
Sem ter nada a recear
Sem esperança e futuro
Batendo a cara no muro
Sem saber se vai vingar
Lá de riba Deus é nobre
Pra encorajar o pobre
Gota d’água faz brotar
XIII
Já é o suficiente
Pra sua vida melhorar
Uma gota faz vibrar
Deixa o coração contente
A fé jamais lhe abandona
Ao contrário é a sua dona
Sempre é luz em sua mente
XIV
Se cada segundo ao dia
Caísse uma gota ao chão
Dando vida ao seu torrão
Uma planta nasceria
Mas o sol volta a queimar
A terra tende a tostar
Tristeza não é alegria
XV
Sertanejo é muito forte Lutador e combatente
Um homem muito valente
Na fé traça sua sorte
A sua arma é a enxada
A roça é sua aliada
O trabalho é seu esporte
XVI
Já cansado dorme cedo
Para a luta enfrentar
De manhã ao levantar
Tão forte que nem rochedo
Está pronto para a luta
Enfrenta toda disputa
Nada ali lhe mete medo
XVII
Duro é ter que relembrar
A luta durante o tempo
Todo o seu pensamento
Só tristeza ao recordar
Os seus passados tristonhos
Tantos pesadelos, sonhos
Uma lágrima faz rolar.
XVIII
Na vida do sertanejo
Não existe um descanso
Nem folga e nem remanso
Nem fantasia nem almejo
É plantar para colher
Pra poder sobreviver
É o seu único desejo
XIX Falar do agricultor
Dói a dor do coração
É como se o nosso chão
Se abrisse ao nosso redor
Nós que muito esquecemos
A vida que um dia tivemos
Talvez tivesse pior
XX
Deus fez a humanidade
Fez natureza e o mar
Campo para alimentar
Saciar necessidade
O tal do capitalismo
Trouxe o mal e egoísmo
Chagas pra eternidade
XXI
Venho por obrigação
Com inspiração divina
Trago comigo a sina
Desejo e dedicação
Defender com veemência
Sem trégua e sem clemência
O sertanejo e o sertão
XXII
Nesse meu texto rimado
Do sertanejo aqui falo
De forma alguma me calo
O sertanejo é sagrado
Aquele lutador rural
Livre do bem e do mal
É um ser abençoado
XXIII Defendo homem roceiro
Com toda minha verdade
Com fé e serenidade
Serei sempre verdadeiro
Falo com sinceridade
Que a nossa humanidade
Seja dele o seu herdeiro
XXIV
Que essa sociedade
Tenha uma solução
Dar mais valorização
Dando oportunidade
No sertanejo a confiança
É provida de bonança
Detentor de habilidade
XXV
Um homem de coração
Que trabalha pro sustento
Desse povo tão sedento
Que roga alimentação
Se eu tivesse o poder
Acabaria o padecer
De quem ara e planta o chão.
Joab nascimento
Camocim-CE 06/09/10
D.A.R. Lei 9610/98
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